sexta-feira, 10 de abril de 2009

1968

1968 foi sem dúvidas um ano de contestação. Temos o exemplo do maio francês, o massacre de estudantes no México, e a Marcha dos Cem Mil no Brasil.

Representando culturalmente, a chamada "Nova Canção" contribuiu muito com as contestação no mundo inteiro em 1968.

Na "Nova Canção" podemos citar vários exemplos, como Geraldo Vandré, e sua canção "Pra não dizer que não falei de flores".


No Chile tivemos Victor Jara, um músico da "Nova Canção", declaradamente comunista, e que morreu em pleno Estadio Nacional de Santiago, logo após o golpe de estado de 1973, que levou Pinochet ao poder.
Segue abaixo uma música de Victor Jara.


Na Espanha, ou melhor (nesse caso melhor!), Catalunha, podemos citar Raimon. Raimon lutou contra o Franquismo e a favor da autonomia das regiões espanholas. Na décda de 1960 a Espanha ainda vivia uma ditadura. As músicas de Raimón contestavam cultural-politicamente o franquismo espanhol. Abaixo segue a música "Al vent", cantada em catalão, que viraria praticamente um hino contra o regime ditatorial na época.


E pra finalizar, coloco também o vídeo de um músico que posso considerar como parte da "Nova Canção Contemporânea" (redundância propositalmente feita). O músico se chama Ismael Serrano, espanhol, e a música é "Papa cuéntame otra vez", de 1997, que referencia e muito o ano de 1968. Vale reiterar que a canção é de 1997, uma época em que os movimentos sociais passavam por uma descrença de suas forças, sendo abafados pelo "auge" neoliberal, que foi a década de 1990:



Em breve, mais posts.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

CCCP - Fedeli alla Linea

Mais uma música da banda de punk-rock e pós-punk filossoviético italiano, CCCP - Fedeli alla Linea.

A canção se chama "Live in Punkow", e faz várias menções a capitais de países do bloco soviético, à DDR (Alemanha Oriental) e ao Pacto de Varsóvia:


Live in Punkow
Cccp


Live in Mosca live in Budapest live in Varsavia
Live in Sophia live in Praga live in Punkow
Haupstadt der DDR haupstadt der DDR haupstadt der DDR
Compagni est-europei uno sforzo ancora
Delle sale da ballo un po' più che di merda
Un'opinione pubblica un poco meno stupida
Delle sale da ballo un po' più che di merda
Voglio rifugiarmi sotto al Patto di Varsavia
Voglio un piano quinquennale la stabilità
Live in Mosca live in Budapest live in Varsavia
Live in Sophia live in Praga live in Punkow
Ost Berlin - West Berlin
Ost Berlin - West Berlin
Ost Berlin - West Berlin
Ost Berlin - West Berlin
Trance Europa express
Trance Europa express
Trance Europa express
Trance Europa express
Qua e di la del muro l'Europa persa in trance
In Alexanderplatz come in piazza del Duomo
Europa persa in trance ultimamente
I miei amici anche i miei amici anche
Sotto la NATO il Patto di Varsavia
Provate a rifugiarvi sotto il Patto di Varsavia
Con un piano quinquennale la stabilità
Live in Mosca live in Budapest live in Varsavia
Live in Sophia live in Praga live in Punkow
Haupstadt der DDR un pezzo di Berlino
Haupstadt der DDR un pezzo di Berlino
Live in Punkow!

Punk-rock filossoviético

Filossovietismo significa a atração ou simpatia à "União Soviética".

E era assim que se auto-denominava a banda italiana CCCP - Fedeli Alla Linea, uma banda de "punk-rock filossoviético"

Essa banda utilizava e muito os símbolos comunistas, e suas música sempre remetiam a essas questões simbólicas. A banda, além do filossovietismo, se caracteriza por ter um "showman" e uma "showoman", que atuavam, interpretavam teatralmente no meio dos shows.

"CCCP" tem esse nome justamente em homenagem a União Soviética, tendo CCCP como as siglas da potência comunista no alfabeto círilico. Lembrando que "C" cirílico na verdade seria o "S", assim como "P" é "R". O nome em cirilico da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se escreve Союз Советских Социалистических Республик, transcrevendo para o alfabeto latino, ficaria Soyuz Sovetskikh Sotsialisticheskikh Respublik.

Uma das músicas da banda italiana por exemplo, se chama "A ja ljublju SSSR", num clima pós-punk. O título está em russo e significa "E eu amo a URSS", sendo cantado no refrão, mas tendo todo o resto da canção cantado em italiano.

Abaixo segue a canção. Detalhe que na introdução da música é tocado pela guitarra o hino soviético:


Em algumas horas serão postados outras músicas do CCCP - Fedeli Alla Linea.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Rocky Balboa x Ivan Drago: a bipolaridade no boxe fictício

A Guerra Fria foi mais que uma mostra de poderio bélico entre Estados Unidos e União Soviética. Ela atingiu todos os meios possíveis, não só o militar, como o político, o econômico, o social, o cultural e o esportivo.

As duas potências não paravam de fazer propaganda de seus regimes em filmes, assim como também no esporte, onde os jogos olímpicos acabavam permitindo isso.

A URSS iniciou sua participação em jogos olímpicos em 1952, em Helsinque (Finlândia), e já na sua segunda participação, em Melbourne (Austrália), em 1956, desbancou aos estadunidenses, conquistando o maior número de medalhas de ouro. A partir daí, os soviéticos tiveram a hegemonia do esporte internacional até início da década de 1990.

Óbviamente os Estados Unidos nunca aceitaram perder essa hegemonia. Com isso, várias justificativas eram dadas: a não participação de profissionais nas Olimpíadas, não-profissionalização dos atletas soviéticos, e o suposto uso de substâncias anabolizantes.
E o que acontece quando os estadunidenses, em plena Guerra Fria, misturam cinema, esporte e política? A resposta é Rocky IV.
Da sua primeira edição, até a sua quarta, o filme Rocky teve mudanças significativas em relação ao patriotismo. Em Rocky I, Rocky Balboa era um boxeador que conseguiu ultrapssar todos os seus problemas financeiros às suas próprias custas, tornand0-se um dos melhores boxeadores estadunidenses. Já em Rocky IV, Balboa representa os Estados Unidos no boxe contra os "frios e malignos" soviéticos, representado por Ivan Drago.
No filme - feito e passado em 1985 -, Ivan Drago era um ex-boxeador amador soviético, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos, sendo imbatível. O estado soviético vê em Ivan Drago uma figura que pode demonstrar todo o poderio da potência comunista, e o profissionaliza para desafiar ao grande campeão dos peso-pesados, Rocky Balboa. Para isso, os soviéticos dão todos os aparatos tecnológicos para fazer de Drago invencível profissionalmente, nem que para isso sejam injetados nele "substâncias estranhas".
No entanto, antes de lutar contra Rocy Balboa, Ivan Drago luta contra o também estadunidense Apollo Creed, ex-campeão dos peso-pesados, e que havia perdido justamente para Rocky Balboa nas outras edições do filme.
Abaixo segue o vídeo dessa luta:
Na cena acima vemos Ivan Drago massacrando Apollo Creed. E nem só isso, o soviético acaba matando o seu oponente. E pior do que isso, Drago ainda solta uma das frases clássicas do filme: "se ele tiver que morrer, ele vai morrer".
Aí vemos a clara tendência desse filme. De um lado os esportitas "americanos" que lutam com "alma", com "coração"; do outro, um boxeador soviético frio e sem sentimentos, treinado pelo estado para fazer propaganda a um regime autoritário.
Então, Rocky Balboa passa agora a lutar por seu amigo perdido, representando a "América", que foi derrotada "covardemente". Agora Balboa vai lutar por uma questão de honra ao seu país.
Mas há um empecilho para Rocky. Os soviéticos querem que sua luta contra Drago seja na URSS. E é o que acontece.
Rocky decide então treinar na Sibéria.
Segue abaixo então o vídeo da preparação dos dois boxeadores:
Podemos ver então que Ivan Drago é preparado por militares e cientistas soviéticos, tendo toda a tecnologia a sua disposição, além de ser constantemente dopado.
Já Rocky treina na gelada Sibéria, sem nenhum aparato tecnológico. Utiliza dos próprios meios naturais para treinar. Chegando a seu ápice de subir ao topo de uma montanha. Mas só uma dúvida: a Sibéria tem montanha?
Depois do treino chega o dia da luta, e vamos então para o vídeo da entrada dos dois lutadores:
E como tinha que ser, os soviéticos espiando a toda hora Rocky Balboa. E na platéia podemos analisar outra questão, ela é composta quase totalmente por militares, dando esse ar de militarismo aos soviéticos. Não só isso, há também a presença do Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética (referência claríssima a Mikhail Gorbachev), dando um ar estadista e de controle à URSS.
Não bastasse tudo isso, há também o hino soviético, ao mesmo tempo em que uma grande imagem de Drago, acompanhado da foice e do martelo, é estendida, junto às imagens de Marx e Lênin. Como os soviéticos são "maus", o hino dos Estados Unidos não pode ser veiculado.
Abaixo segue a luta. Parte 1:
Parte 2:
Como todo filme estadunidense, o "bonzinho" sempre apanha constantemente do "vilão" no começo. Mas no final, o "bonzinho" sempre consegue dar a voltar por cima. É o caso dessa luta final, onde Rocky Balboa está sendo massacrado por Ivan Drago, mas com o seu decorrer, Rocky começa a lutar de igual para igual, o que deixam alguns funcionários do PCUS irritados, chegando até a interferir na conversa com Drago.
No último round, Rocky Balboa noucateia Ivan Drago e mostra que profissionalmente os "americanos" são os melhores no esporte. Pelo menos assim é o filme.
O filme é descaradamente uma propaganda dos Estados Unidos, pregando o individualismo americano, o esporte estadunidense como melhor, a vida dos Estados Unidos melhor, com liberdade, sem intervenção do estado, como era na União Soviética, que usou de fortemente Ivan Drago para fazer propaganda do regime soviético. O filme deixa bem claro como funcionou a bipolaridade na Guerra Fria, ultrapassando as idéias militares e bélicas, mas chegando também ao âmbito cultural e propagandístico.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Saiu da moda o Golfo...

Começarei postando no blog com uma música que é interessantíssima, e tem muito a ver sobre o que foi discutido em sala de aula sobre a questão da espetacularização, especificando a Guerra do Golfo de 1991.

A canção se chama Queso ruso, da banda argentina Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota. Ela está incluída no álbum La mosca y la sopa, de 1991, justamente a época da Guerra do Golfo.

Como foi explicado em aula, a Guerra do Golfo foi um exemplo de "espetacularização", quando essa trouxe grandes audiências, por ela ser transmitida inclusive ao vivo, pela emissora CNN.

Essa música faz uma crítica não só à espetacularização, como à própria guerra, suas alianças, seu belicismo, além do próprio consumo. Temos um exemplo numa parte da letra que diz "O bronzeador Charlotte cuida da radiação".

O começo da letra também já diz muito coisa: "passou da moda Golfo". Isso é trataram a guerra como um programa qualquer de TV, ou uma música, ou um filme ou produto, pois a sua audiência também foi a curto prazo, com a sociedade (principalmente estadunidense) não querendo mais saber do que estava passando.

Segue abaixo então a canção:


Queso ruso
Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota
Pasó de moda el Golfo
como todo, ¿viste vos?
como tanta otra tristeza
a la que te acostumbrás.
Ahora vas comprando perlas truchas sin chistar
"calles inteligentes", alemanas para armar
y muchos marines de los mandarines
que cuidan por vos las puertas del nuevo cielo.
El bronceador "Charlotte"te cuida de la radiación
rematan el electro de Elvis al morir.
Fijate de qué lado de la mecha te encontrás
con tanto humo el bello fiero fuego no se ve
hay algo en vos que está empezando a asustarte...
cosas de hechicería desafortunada.
Quedate con el vuelto, mula de la enfermedad,
pobrete que sos tropa de la guita y chimpancé
quedate esa petaca con saliva y nada más
mordiéndote la lengua por poco me engañás.
Sentís la mosca joder detrás de la oreja
y chupás la fruta sin poder morderla;
y hay muchos marines de los mandarines
que cuidan por vos las puertas del nuevo cielo...

Iniciando o blog

Esse blog foi feito especialmente para a disciplina de História Contemporâna II, do curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Mas terá livre acesso a todos, podendo também ser comentado por todas.
O objetivo desse blog é mostrar todo o periodo pós-1945 (até os dias atuais) utilizando a música. A música teve e tem uma grande participação nas questões culturais, sociais e políticas da sociedade ocidental. Podemos encontrar canções que falam tanto implicitamente ou incocientemente, de uma questão política ou social, ou até mesmo canções que vão direto a este assunto.
Lembrando que sugestões serão bem vindas.